terça-feira, julho 04, 2006

Médios modernos

Ao longo da história do futebol, as tácticas têm evoluindo a par e passo com a mentalidade do próprio jogo. Apesar de, hoje em dia, a preocupação defensiva ser excessiva e acabar por muitas vezes tornar os jogos de futebol chatos e completamente desprovidos de emoção (assunto que procurarei desenvolver num futuro próximo), as novas estratégias de jogo desenvolveram um tipo de centrocampista que pouco a pouco vai-se configurando como a grande invenção táctica dos tempos modernos e como uma mais-valia para qualquer equipa.
Até há bem pouco tempo, os médios que actuam no centro do terreno podiam ser divididos em dois grupos: os trincos e os médios de ataque, também conhecidos como "números 10" ou "volantes", na gíria brasileira.
Basicamente, os trincos são os chamados médios de combate: por norma, são jogadores de características agressivas (no bom e também no mau sentido) e defensivas, que actuam imediatamente à frente da defesa e podem desempenhar várias funções: ajudar a defesa, compensar a subida dos laterais, iniciar as transições defesa-ataque e marcar individualmente o médio de ataque da equipa adversária. Por sua vez, os médios de ataque são os maestros da equipa: pelos seus pés passa toda a organização do ataque. Estes médios querem-se dotados tecnicamente e com óptima qualidade de passe. Num sistema que use o "pressing", também podem ser os primeiros defesas, que em conjunto com os avançados procuram bloquear o ataque adversário logo de início.
Os cuidados defensivos e o assegurar do domínio do meio campo levam várias equipas a actuar com dois trincos, pelo menos. Contudo, ao avançar ligeiramente um desses trincos até ao centro do terreno, criou-se um novo médio: um médio que actua mesmo no miolo do terreno e que é uma espécie de "faz-tudo".
É o caso de Maniche (Portugal), Frank Lampard (Chelsea), Manuel Fernandes (Benfica) ou Lucho Gonzaléz (FC Porto), apenas para citar alguns exemplos. Estes médios produzem um capital de trabalho impressionante durante o jogo: a sua missão consiste em ser uma unidade extra nas movimentações defensivas e ofensivas. Como tal, para além de uma resistência quase hercúlea, estes jogadores devem possuir qualidades defensivas e ofensivas e usar ambas durante um jogo. Também devem possuir um bom remate de longa distância, o que ajuda a obter golos quando a equipa adversária praticamente entope todos os caminhos até à área.
Estes médios são praticamente inestimáveis e possuir um bom jogador destes é como ter a hipótese de que a equipa entre em campo com 12.