Falta de emotividade
Os actuais campeões da Europa e do Mundo (Grécia e Itália, respectivamente) chegaram aos ceptros apresentando um futebol de contenção, metódico e calculista, que tem como base a segurança defensiva e o aproveitar das ocasiões de golo. Simples coincidência? Talvez não.
As últimas cinco taças de campeão do mundo foram erguidas por jogadores de características defensivas: Matthaus (líbero), Dunga (trinco), Deschamps (trinco), Cafú (defesa lateral), Cannavaro (defesa central). Outra coincidência? Talvez não.
A tendência do futebol moderno, para desespero dos amantes do futebol espectáculo, assenta na segurança defensiva. O objectivo deixou de ser marcar mais golos do que o adversário para ganhar e sim evitar sofrê-los para não perder. Essa é a diferença fundamental: passou-se do querer ganhar para o não querer perder. Embora pareçam o mesmo, a diferença entre ambos é gritante e traduz-se no mau futebol que muitas vezes se pratica nos campos de todo o mundo.
Em 1982, Zico desabafava após a derrota do fabuloso Brasil que encantou no Espanha'82 perante a Itália (2-3): "O futebol morreu hoje. Hoje, as equipas perceberam que a defesa é o caminho mais seguro para a vitória". Tal frase pode ser entendida como profecia, mas não contempla outro aspecto do futebol moderno: os clubes estão transformados em empresas que fazem da vitória o seu lucro, estando proibidos de perder. Os treinadores devem apresentar resultados e não um trabalho bonito, tal e qual como um operário numa fábrica.
O verdadeiro problema é que o futebol está transformado num negócio. E nos negócios é proibido perder. Enquanto assim for, não podemos esperar futebol espectáculo nos estádios de todo o planeta.
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