sexta-feira, agosto 25, 2006



O Inferno da Luz

Na passada terça-feira, o Benfica carimbou a passagem à fase de grupos da Liga dos Campeões mercê de uma vitória concludente sobre o Áustria de Viena por 3-0. Para além da boa exibição e do regresso de Rui Costa aos golos com a camisola encarnada, houve outro aspecto muito positivo: a lotação do estádio, praticamente esgotada.
Em alguns estádios da Europa, jogar na condição de visitante pode ser um verdadeiro pesadelo. É o caso do Ali Sami Yen, casa do Galatasaray, um dos principais clubes da Turquia. Quando há jogo, o estádio parece transformar-se numa autêntica câmara de horrores: para além de um público fanático e extremamente fervoroso, o ambiente sombrio do recinto completa-se com quatro tochas acesas nos quatros cantos, gerando um cenário completamente intimidante. Em relação ao plano desportivo, todo este clima permite ao Galatasaray aproveitar ao máximo o "factor casa" e ser uma equipa extremamente difícil de vencer no seu terreno.
Tal situação já se verificou no Benfica, embora com contornos menos extremistas mas igualmente intensos. O "Inferno da Luz", nome pelo qual era conhecido o ambiente em torno dos jogos do Benfica no antigo Estádio da Luz, revelou-se muitas vezes uma espécie de 12.º jogador, galvanizando a equipa para jogos memoráveis. São inesquecíveis as últimas três meias-finais europeias que as águias disputaram, contra Steaua de Bucareste (1988), Marselha (1990) e Parma (1994), jogos em que o Estádio da Luz esteve completamente repleto de adeptos e entusiasmo.
Actualmente, o "Inferno da Luz" dá sinais de regresso, desta vez no novo estádio. A acontecer, seria sem dúvida uma mais-valia para o Benfica e também para o futebol, pois um estádio cheio e vibrante é sempre um espectáculo bonito de se ver.