sábado, agosto 05, 2006


FC Porto 1-3 Manchester United

O campeão nacional averbou a sua primeira derrota na pré-temporada. Embora o resultado não traduza a exibição relativamente positiva dos dragões, os erros defensivos foram muitos e é aí que se espelha esta derrota. Além disso, o sistema utilizado por Co Adriaanse voltou a suscitar alguns pontos de interrogação, sobretudo tendo em vista a futura participação na Liga dos Campeões.
Quando chegou a Portugal, Co Adriaanse supreendeu tudo e todos pela sua atitude ambiciosa em oferecer golos e espectáculo e colocou o FC Porto a jogar em 3x3x4. Tal postura é de louvar; mas, como qualquer treinador, Adriaanse foi julgado pelos seus resultados. E, apesar das vitórias na Liga e na Taça da época passada, a eliminação precoce das provas europeias ainda não foi esquecida.
Esta diferença entre o FC Porto interno e europeu não deixa de ser estranha, mas pode ser explicada pelo sistema táctico. Adriaanse aplica em campo um 3x3x4, esquema que com a integração de Anderson na posição de médio de ataque na nova época se pode transformar em 3x4x3. Seja como for, em ambos os sistemas, Paulo Assunção, o trinco, funciona como pêndulo: desce para central quando a equipa defende e sobe durante o ataque. E aqui reside a questão: o FC Porto lança para o ataque sete unidades, o que significa que apenas restam três jogadores para responder a um possível contra-ataque: Pedro Emanuel, Pepe e Bosingwa. Ora, contra a maioria das equipas portuguesas tal não costuma constituir grande problema pois estas defendem com praticamente toda a equipa e é-lhes difícil lançar contra-ataques com muitos jogadores. Mas na Europa e com melhores equipas, o caso muda de figura: não só estas defendem com menos jogadores como também têm melhores executantes. Um equipa que jogue com dois avançados fixos apenas precisa de lançar um ataque pelas alas para ter superioridade numérica (4x3). Além disso, por ter poucas unidades, a defesa do FC Porto está proibida de falhar. E isso nem sempre é possível. A equipa conquistou o título, mas não se pode esquecer que o FC Porto teve um balanço negativo no confronto directo com Sporting e Benfica (1V, 1E, 2D), equipas ao seu nível qualitativo.
A táctica actual parece-me indicada em jogos contra equipas teoricamente inferiores, mas sobretudo na Liga dos Campeões Adriaanse talvez pudesse ensaiar um 4x3x3, um esquema que não deixa de estar virado para o ataque mas que oferece mais solidez defensiva.