sábado, setembro 02, 2006


Quem faz nunca mais esquece

Se em relação ao facto de andar de bicicleta se diz que quem aprende nunca mais esquece, pode-se dizer que, no futebol, quem faz um golo de bicicleta também nunca mais esquece.
O pontapé de bicicleta é um dos gestos técnicos mais bonitos e vistosos que o futebol tem para oferecer. A sua execução não é fácil: o jogador deve tentar chutar a bola acima da sua cabeça estando de costas para a baliza. Tal movimento pode ser perigoso, pois se o atleta cair mal pode lesionar-se com alguma gravidade, razão pela qual alguns jogadores admitem ter receio de experimentar esta habilidade.
Inicialmente, a invenção do pontapé de bicicleta foi atribuída a Leónidas da Silva, avançado brasileiro da década de 30. Quando Leónidas executou este pontapé, muitos pensaram que o jogador tinha adaptado um movimento da famosa arte de Capoeira ao futebol. Contudo, anos mais tarde provou-se que a invenção pertence a Ramón Asla, um jogador nascido em solo espanhol mas que se encontrava a representar o Chile. Quando Asla, 20 anos antes de Leónidas, executou este movimento, alguns jornalistas que seguiam o jogo e não sabiam como designar aquele pontapé chamaram-no de chilena; ainda hoje o pontapé de bicicleta tem este nome na gíria futebolística espanhola.
Ao longo dos anos, têm sido muitos os golos marcados desta maneira, sempre espectaculares; contudo, na minha opinião, o pontapé de Mauro Bressan, na altura jogador da Fiorentina, no fantástico jogo da Liga dos Campeões, época 1999/2000, que opôs a sua equipa ao Barcelona (3-3), foi o melhor pontapé de bicicleta de sempre. É tudo aquilo que um pontapé destes representa: criatividade, risco, habilidade, fantasia. E o melhor de tudo, resultou num grande golo.

Nota: O golo de Mauro Bressan está disponível em http://www.youtube.com/watch?v=dbX1LlS0CEY