quinta-feira, agosto 31, 2006


Jovem cinquntenário

O médio João Moutinho, que defende as cores do Sporting, cumpriu na jornada inaugural do campeonato o seu 50.º jogo no escalão principal do futebol português. Esta proeza é ainda mais admirável se tivermos em conta que Moutinho atingiu esta marca com apenas 19 anos.
Desde que se começou a afirmar na equipa principal dos leões, João Moutinho não tem deixado ninguém indiferente. O jovem algarvio não se atemorizou com a chamada à equipa sénior pela mão de José Peseiro (época 2004/2005) e hoje em dia é um titular indiscutível na equipa de Paulo Bento, tendo como função pensar o jogo da equipa. Assumir tal papel em idade tão tenra é uma tarefa enorme, mas Moutinho tem correspondido com excelência e revelado uma maturidade invulgar num jogador da sua idade. Outro facto digno de registo é o seu comportamento fora de campo; não se lhe conhece nenhuma falta a um treino nem nenhum indício de vida boémia. João Moutinho tem uma mentalidade vencedora e está completamente concentrado em evoluir o seu jogo. Quando assim é, difícil é não obter sucesso. É uma das maiores promessas do futebol português da actualidade e a chamada à selecção principal é um justo prémio para o seu desempenho em campo.
Há alguns anos atrás, tive o prazer de o ver jogar num torneio organizado pelo FC Barreirense. Apesar de muito mais jovem, o pequeno algarvio já fazia as delícias de todos os que o observavam e recordavam o seu pai, Nélson Moutinho. Com apenas 11 anos, foi o melhor jogador de uma equipa cuja média de idades rondava os 14/15 anos. Sintomático.
Agora com 19 anos, João Moutinho parece ter desvendado todos os segredos do futebol. Esperemos que nunca se desvie do seu caminho, pois tem tudo para se tornar um dos melhores jogadores portugueses dos últimos tempos.

sábado, agosto 26, 2006

Competições europeias

Já é conhecido o destino das equipas portuguesas integradas nas provas europeias (Liga dos Campeões e Taça UEFA). Aqui fica uma pequena previsão:

FC Porto

Os campeões nacionais emparelharam no grupo B da Liga dos Campeões com Arsenal (ING), CSKA (RUS) e Hamburgo (ALE). O grupo é bastante equilibrado e não se esperam jogos acessíveis, sobretudo fora de casa. Como tal, será conveniente que o FC Porto obtenha os nove pontos em disputa no Estádio do Dragão de modo a conseguir o apuramento, uma vez que conquistar pontos fora do reduto portista vai ser muito difícil.

Sporting

É uma tarefa espinhosa, sem dúvida. Mas não impossível. Os leões integram o grupo B juntamente com Inter (ITA), Bayern de Munique (ALE) e Spartak de Moscovo (RUS). Os dois primeiros dispensam apresentações e os russos marcaram negativamente a última presença leonina na prova máxima de clubes da UEFA (derrotas por 3-1 e 3-0). O Sporting terá de procurar aproveitar os pontos que eventualmente italianos e alemães perderão nos embates entre si, bem como evitar ao máximo escorregar frente ao Spartak.

Benfica

O grupo F juntou as águias com os sempre complicados Manchester United (ING) e Celtic (ESC) e com uma das surpresas da prova até agora: o FC Copenhaga (DEN), que ultrapassou o Ajax na 3.ª pré-eliminatória. As águias reencontram-se com o Manchester United, que arrancou forte no seu campeonato. Os escoceses nunca são um adversário fácil e o "patinho feio" deste grupo, o FC Copenhaga, faz do contra-ataque e da entrega ao jogo as suas armas. De qualquer modo, se o Benfica assegurar os seis pontos contra os dinamarqueses e impuser o seu futebol em casa dificilmente perderá o acesso aos oitavos-de-final da prova.

Sp. Braga

É conhecida a malapata dos clubes portugueses com clubes italianos. Será esta a tendência que os bracarenses vão tentar inverter quando defrontarem na 1.ª eliminatória da Taça UEFA o Chievo Verona, que terminou o campeonato italiano do ano passado num excelente quarto lugar. Depois de terem falhado o acesso à Liga dos Campeões (derrota com o Levski Sófia), os italianos quererão certamente deixar uma boa imagem na Taça UEFA. A primeira mão disputa-se em Braga, o que deixa antever um Chievo cauteloso e defensivo, à espera de levar um bom resultado para Verona. E todos sabemos que os italianos são mestres no futebol de contenção. Seja como for, espera-se um confronto equilibrado.

Nacional

A equipa da Madeira terá de defrontar o Rapid de Bucareste, da Roménia. Não se pode dizer que o sorteio tenha sido ingrato, já que esta equipa não é superior ao Nacional. Todavia, será necessário controlar bem as iniciativas de Moldovan, experiente avançado romeno ao serviço do Rapid e evitar sair da Roménia, local onde se disputa a primeira mão da elimantória, com uma derrota.

V. Setúbal

O finalista vencido da Taça de Portugal do ano transacto vai medir forças com o Heerenveen, equipa holandesa que defrontou o Benfica na Taça UEFA da época 2003/2004. Na altura, ficou a sensação de que esta equipa tinha alguma qualidade, embora tivesse estado longe de impressionar. O guarda-redes Vandenbussche e o ex-internacional holandês Bosvelt são as mais-valias do 7.º classificado do campeonato holandês da temporada passada. Os sadinos têm boas hipóteses, embora partam com a desvantagem de jogar primeiro em casa.

Os dados estão lançados; não vale a pena reflectir sobre sorte ou azar, pois num sorteio esses factores são meramente subjectivos. O importante é procurar a sorte em campo e conseguir uma boa prestação nas provas europeias, algo que o futebol português agradece.

sexta-feira, agosto 25, 2006



O Inferno da Luz

Na passada terça-feira, o Benfica carimbou a passagem à fase de grupos da Liga dos Campeões mercê de uma vitória concludente sobre o Áustria de Viena por 3-0. Para além da boa exibição e do regresso de Rui Costa aos golos com a camisola encarnada, houve outro aspecto muito positivo: a lotação do estádio, praticamente esgotada.
Em alguns estádios da Europa, jogar na condição de visitante pode ser um verdadeiro pesadelo. É o caso do Ali Sami Yen, casa do Galatasaray, um dos principais clubes da Turquia. Quando há jogo, o estádio parece transformar-se numa autêntica câmara de horrores: para além de um público fanático e extremamente fervoroso, o ambiente sombrio do recinto completa-se com quatro tochas acesas nos quatros cantos, gerando um cenário completamente intimidante. Em relação ao plano desportivo, todo este clima permite ao Galatasaray aproveitar ao máximo o "factor casa" e ser uma equipa extremamente difícil de vencer no seu terreno.
Tal situação já se verificou no Benfica, embora com contornos menos extremistas mas igualmente intensos. O "Inferno da Luz", nome pelo qual era conhecido o ambiente em torno dos jogos do Benfica no antigo Estádio da Luz, revelou-se muitas vezes uma espécie de 12.º jogador, galvanizando a equipa para jogos memoráveis. São inesquecíveis as últimas três meias-finais europeias que as águias disputaram, contra Steaua de Bucareste (1988), Marselha (1990) e Parma (1994), jogos em que o Estádio da Luz esteve completamente repleto de adeptos e entusiasmo.
Actualmente, o "Inferno da Luz" dá sinais de regresso, desta vez no novo estádio. A acontecer, seria sem dúvida uma mais-valia para o Benfica e também para o futebol, pois um estádio cheio e vibrante é sempre um espectáculo bonito de se ver.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Dor de cotovelo

O futebol tem como uma das suas características ser um desporto de contacto. Apesar de a integridade física dos jogadores ser bastante protegida pelas leis do jogo, o choque entre os praticantes não deixa de ser parte integrante do desafio. É sabido que uma disputa de bola implica força, desde que a mesma não coloque em risco o adversário. Porém, não é fácil determinar esses limites pois a fronteira entre jogo viril e jogo violento nem sempre é claramente nítida.
Ultimamente, muitos jogadores contraíram o mau hábito de jogar com os cotovelos, sobretudo nos lances aéreos. Ao saltar, os jogadores aproveitam o movimento dos braços inerente ao impulso para dissimular cotoveladas, fazendo com que as mesmas passem despercebidas aos olhos dos árbitros. Esta prática, que se destina não só a ganhar uma vantagem ilegal no lance como também a intimidar, é extremamente perigosa: a maioria das pancadas atinge nomeadamente a cabeça do adversário, podendo causar contusões, golpes profundos e, num caso ou outro, traumatismos. Pelos perigos que encerra, é importante que este "jogo de cotovelos" não se vulgarize. Na época passada, o jogador venezuelano Juan Arango, que actua no RCD Mallorca de Espanha, esteve em risco de vida devido a uma violenta cotovelada que lhe acertou na face.
Os árbitros precisam de estar cada vez mais atentos a estas ocorrências, pois são cada vez mais comuns. E claro, puni-las como merecem: jogo violento, cartão vermelho.

domingo, agosto 20, 2006



Quinzena de títulos: FC Porto 3-0 V. Setúbal

A época oficial de futebol em Portugal abriu ontem com a 28.ª edição da Supertaça Cândido de Oliveira, disputada no Estádio Municipal de Leiria por FC Porto e V. Setúbal. Ambas as equipas proporcionaram um jogo muito disputado e apresentaram um nível competitivo muito positivo, tendo em mente que a época acaba de começar. Contudo, a superioridade teórica da equipa do FC Porto confirmou-se e acabou por desequilibrar a contenda com três golos de boa qualidade. Adriano inaugurou o marcador de uma forma sempre espectacular (pontapé de bicicleta), Anderson coroou uma excelente prestação na pré-época com o seu primeiro golo em provas oficiais pelos azuis e brancos e Vieirinha voltou a demonstrar que tem qualidade para permanecer no plantel.
O resultado não faz jus ao bom desempenho dos sadinos, mas a justiça do vencedor é inquestionável. O FC Porto conquista assim a sua 15.ª Supertaça, cimentando um domínio quase avassalador nesta competição: os dragões já conquistaram esta prova mais vezes que todos os outros vencedores juntos.
Termina assim da melhor maneira o período de Rui Barros à frente da equipa (Jesualdo Ferreira inicia o seu trabalho amanhã), com um saldo 100% vitorioso e um título conquistado. O piccolo, como ficou conhecido na sua passagem por Itália, demonstrou boas capacidades para treindor principal; talvez o futuro lhe propicie uma oportunidade de as confirmar.
Duas notas negativas: um relvado de tostões num estádio de milhões, algo que não se compreende, e reincidência de Quaresma no que diz respeito a comportamento violento. Lamentável e escusado.

quarta-feira, agosto 16, 2006


Trio D'Ataque

Este é o título de um dos programas mais interessantes que já vi sobre futebol e que espero que continue a ser uma aposta da RTP para este ano. Moderado pelo jornalista Carlos Daniel (foto), Trio D'Ataque conta com as participações regulares de Rui Moreira, António-Pedro Vasconcelos e Sérgio Godinho, comentadores que expõem as suas opiniões não só acerca dos seus clubes como do mundo do futebol em geral, incidindo obviamente sobre o futebol nacional.
O que torna este programa tão agradável de seguir atentamente é o respeito que impera entre todos os intervenientes. Não há atropelos de conversas, opiniões exaltadas, faltas de educação, interrupções, insultos. Placidamente, moderador e comentadores conversam (o termo "debatem" não se adequa), expõem e rebatem pontos de vista, todos eles bastante coerentes e totalmente desprovidos de cegueira clubística, tudo isto num clima de boa disposição. Apesar de cada comentador "representar" um dos três grandes, por assim dizer, todos eles ouvem atentamente as críticas sobre o seu clube, reconhecendo-as quando estas correspondem à verdade. No fundo, o programa Trio D'Ataque é um exemplo de como todas as conversas sobre futebol deveriam ser, e não apenas na televisão.
Destituído de qualquer interesse publicitário, este post é apenas uma pequena recomendação a todos aqueles que têm interesse em seguir este tipo de programas sobre futebol.

sábado, agosto 12, 2006

Começar do zero

A semana ficou marcada pela rescisão de Co Adriaanse e alguns elementos da sua equipa técnica com a direcção do FC Porto. O litígio provocado pelo desacordo entre treinador e direcção acerca da contratação de um avançado provocou a saída abrupta do técnico holandês, que abandona o clube depois de ter conquistado no seu primeiro ano de trabalho a famosa "dobradinha": Liga e Taça. Apesar destas conquistas, Adriaanse não conseguiu a aprovação da maioria dos adeptos portistas, numa relação frequentemente conturbada e que ficou marcada por uma tentativa de agressão e vandalização por parte de uma das claques do clube. Acima de tudo, os afastamentos de Jorge Costa e Vítor Baía da equipa principal e a má prestação na Liga dos Campeões da temporada transacta, bem como o duplo desaire com o Benfica na Liga não foram bem aceites pelos adeptos e nem mesmo os títulos conquistados geraram algum consenso em torno de Co Adriaanse.
Pode-se dizer que o FC Porto se encontra neste momento na estaca zero; para além da procura de um novo treinador, que nunca é fácil, os jogadores voltaram ao ponto de partida. Espera-os uma nova pré-época, onde terão de assimilar um novo sistema, uma nova mentalidade e um novo fio de jogo, algo que, como se sabe, não se gera de um dia para o outro. O pior é que esta nova pré-época pode arrastar-se até aos primeiros jogos oficiais do clube, onde os encontros não são para ensaiar sistemas mas sim para ter a equipa afinada e pronta a ganhar. Neste momento, têm sido comum o paralelismo com a época de 2004/2005, onde a saída prematura do primeiro treinador afectou e muito o iníco de época do FC Porto.
Em relação ao novo treinador, o nome de Jesualdo Ferreira tem sido bastante mencionado, embora também haja a hipótese de Rui Barros, actualmente treinador interino, assumir as rédeas da equipa. Independentemente de quem seja, terá um princípio de temporada muito complicado.

segunda-feira, agosto 07, 2006



A questão da baliza

Ao tomar conta do comando técnico do Benfica, Fernando Santos também tomou a seu cargo a difícil resolução de um problema que já não é recente: afinal quem deve ser o primeiro guarda-redes do Benfica?
Esta questão tem sido uma constante durante a pré-época. Com Quim ausente (encontrava-se de férias devido à presença no Alemanha'2006 e só jogou contra o AEK), Moreira e Moretto alternaram na defesa das redes do Benfica, sem resultados convincentes: Moreira sofreu muitos golos nos jogos em que actuou e Moretto comprometeu contra o Deportivo da Corunha.
Estes indicadores vieram dificultar uma escolha que só por si já não era simples. Os três guarda-redes do Benfica têm diferentes qualidades e defeitos: Moreira é um bom guarda-redes mas viu a sua evolução interrompida por lesões e perdas da titularidade, Quim alterna defesas seguras com voos fotográficos desnecessários e Moretto tanto faz defesas fantásticas como tem falhas incompreensíveis, além de que o seu jogo de pés necessita de ser melhorado. Contudo, todos têm um ponto em comum; nenhum deles está preparado para ser suplente, quanto mais terceiro guarda-redes. Fernando Santos tem claramente uma situação de "qualidade a mais" em mãos e aplicar a rotatividade na baliza com três guarda-redes é quase impossível, pelo menos sem sacrificar alguma da consistência da equipa.
Uma medida razoável seria talvez o empréstimo ou até a venda de um destes atletas. Poderá ser mais aconselhável do que ombrear com a natural insatisfação que venha a surgir por parte daquele que pouco a pouco comece a ser empurrado para a condição de terceiro guarda-redes.

sábado, agosto 05, 2006


FC Porto 1-3 Manchester United

O campeão nacional averbou a sua primeira derrota na pré-temporada. Embora o resultado não traduza a exibição relativamente positiva dos dragões, os erros defensivos foram muitos e é aí que se espelha esta derrota. Além disso, o sistema utilizado por Co Adriaanse voltou a suscitar alguns pontos de interrogação, sobretudo tendo em vista a futura participação na Liga dos Campeões.
Quando chegou a Portugal, Co Adriaanse supreendeu tudo e todos pela sua atitude ambiciosa em oferecer golos e espectáculo e colocou o FC Porto a jogar em 3x3x4. Tal postura é de louvar; mas, como qualquer treinador, Adriaanse foi julgado pelos seus resultados. E, apesar das vitórias na Liga e na Taça da época passada, a eliminação precoce das provas europeias ainda não foi esquecida.
Esta diferença entre o FC Porto interno e europeu não deixa de ser estranha, mas pode ser explicada pelo sistema táctico. Adriaanse aplica em campo um 3x3x4, esquema que com a integração de Anderson na posição de médio de ataque na nova época se pode transformar em 3x4x3. Seja como for, em ambos os sistemas, Paulo Assunção, o trinco, funciona como pêndulo: desce para central quando a equipa defende e sobe durante o ataque. E aqui reside a questão: o FC Porto lança para o ataque sete unidades, o que significa que apenas restam três jogadores para responder a um possível contra-ataque: Pedro Emanuel, Pepe e Bosingwa. Ora, contra a maioria das equipas portuguesas tal não costuma constituir grande problema pois estas defendem com praticamente toda a equipa e é-lhes difícil lançar contra-ataques com muitos jogadores. Mas na Europa e com melhores equipas, o caso muda de figura: não só estas defendem com menos jogadores como também têm melhores executantes. Um equipa que jogue com dois avançados fixos apenas precisa de lançar um ataque pelas alas para ter superioridade numérica (4x3). Além disso, por ter poucas unidades, a defesa do FC Porto está proibida de falhar. E isso nem sempre é possível. A equipa conquistou o título, mas não se pode esquecer que o FC Porto teve um balanço negativo no confronto directo com Sporting e Benfica (1V, 1E, 2D), equipas ao seu nível qualitativo.
A táctica actual parece-me indicada em jogos contra equipas teoricamente inferiores, mas sobretudo na Liga dos Campeões Adriaanse talvez pudesse ensaiar um 4x3x3, um esquema que não deixa de estar virado para o ataque mas que oferece mais solidez defensiva.

quarta-feira, agosto 02, 2006

A nova proposta

Em 2004, o organismo máximo do futebol europeu, a UEFA, lançou uma proposta relacionada com a circulação de jogadores. O objectivo principal é combater as actuais discrepâncias que resultaram da lei Bosman, um acordo instituído em 1995 que permite a livre circulação de jogadores. Ao abolir o número limite de estrangeiros no plantel que dantes era imposto às equipas, a lei Bosman provocou um verdadeiro rebuliço no mercado de transferências que causou uma subida astronómica dos preços das aquisições e dos salários oferecidos.
Esta nova lei, que deverá entrar em vigor a partir da época 2007/2008, salvo se houver algum retrocesso nas conversações, determina que todos os plantéis e listas de convocados para os jogos devem apresentar pelo menos 7/8 jogadores que tenham sido formados no clube. No entender da UEFA, tal medida irá ajudar ao desenvolvimento da formação de futebolistas em toda a Europa, diminuir o número de estrangeiros nos plantéis e reduzir o fosso qualitativo entre os clubes mais ricos e os restantes.
A medida parece interessante, mas levanta algumas dúvidas. Em primeiro lugar, porque pode criar um novo fosso, desta vez entre as equipas que tenham projectos de formação sólidos e as que não têm possibilidade de os ter. Em segundo lugar, o predomínio financeiro não deixará de existir: os clubes podem simplesmente optar por contratar atletas promissores cada vez mais jovens e continuarem a sua formação. É o caso de Juan Carlos Chera e Erik Lamela, jogadores que foram cobiçados por clubes europeus tendo apenas 9 e 12 anos respectivamente. As emigrações de jogadores em tão tenra idade seria certamente polémica e os clubes ficariam privados ainda mais cedo dos seus "diamantes". Além disso, apostar em jogadores muito jovens não é totalmente seguro: se recordarmos a selecção de Portugal que venceu o Mundial de Juniores em 1991, verificamos que muitos deles, como Toni, Tulipa, Gil e outros, passaram ao lado de carreiras de sucesso; e que no meio de nomes como Luís Figo, Rui Costa ou João Vieira Pinto, aquele que suscitava mais atenção era o de Emílio Peixe, cuja carreira foi consideravelmente menos notável que as dos jogadores mencionados.
Em suma, resta-nos desejar que, caso a medida seja mesmo implementada, a mesma se traduza em mais equilíbrio e maior espectáculo.