domingo, julho 30, 2006


Pré-época

Pouco a pouco, começa a chegar ao fim o período destinado à preparação de uma nova época futebolística. Os clubes vão limando as últimas arestas e como seria de esperar, a grande curiosidade prende-se sobretudo com o actual estado dos três grandes.
Após o regresso a Portugal, o FC Porto prepara-se para defrontar a AS Roma no jogo de apresentação aos sócios. O estágio na Holanda teve um saldo positivo (4V e 1E), apesar do nível das equipas defrontadas ser um pouco questionável, o que torna estes números algo inconclusivos. Co Adriaanse ainda tem de seleccionar algumas dispensas num plantel em que os jovens Anderson e Vieirinha se mostraram em muito bom nível. Bruno Moraes parece ter ganho nova vida depois de uma ausência de um ano por lesão e a presente míngua de avançados na equipa pode ajudá-lo a consolidar um lugar. Contudo, Adriaanse ainda espera um avançado que considera essencial e quanto mais tarde o receber, menos tempo terá para afinar o sistema como deseja. Em relação aos reforços, apenas João Paulo parece singrar: Diogo Valente é apontado como possível dispensa e Ezequias e Sektioui apenas se revelaram medianos; apostas falhadas?
O Sporting, clube com menos tempo de preparação, acaba de conquistar recentemente o torneio do Guadiana, onde derrotou Benfica e Deportivo da Corunha (3-0 e 1-0). O grande destaque foi, claro, o avultado resultado contra o grande rival que mesmo tendo sido num jogo "a feijões", não deixa de ser moralizante. Djaló configura-se como o novo diamante para a nova época numa equipa que manteve a base da época passada e ainda não perdeu nenhuma pedra chave, o que é sempre positivo.
A sombra de maior dúvida paira então sobre o Benfica. Se para os leões o resultado foi moralizante, no caso das águias criou algumas nuvens. A equipa já averbou três derrotas (Sion, Sporting e Deportivo) e as exibições parecem não convencer os adeptos acerca deste Benfica de Fernando Santos. Moretto está de novo envolto em contestação e assim a baliza é mais um problema para o treinador, que também começa a ser questionado. Espera-se que o Benfica estabilize rápido, até porque a eliminatória com o Áustria de Viena está próxima.
Os resultados da pré-época nunca são previsões credíveis para o desenrolar do campeonato, por isso não resta muito senão especular. Acima de tudo, o importante é ganhar quando realmente for a valer.

terça-feira, julho 25, 2006



O novo timoneiro

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) já escolheu o novo seleccionador do escrete. Seguindo a estratégia de contratar treinadores jovens e pouco experientes (à imagem da Alemanha e da Holanda), o organismo liderado por Ricardo Teixeira apontou o antigo internacional canarinho Carlos "Dunga" para o cargo.
Apelidado de "Arnold Schwarzenegger" pelo seu ar de durão, Dunga fez carreira nos campeonatos de Brasil, Itália, Alemanha e Japão e disputou 91 jogos pelo Brasil, participando em três Mundiais (1990, 1994 e 1998). Capitaneou o escrete nos dois últimos, o que lhe valeu a honra de erguer a Taça na edição de 94. Antigo médio-defensivo, Dunga tinha como características uma grande classe, sangue frio e também um grande sentido de liderança, reconhecido e respeitado pelos companheiros. Com estas características, espera-se que Dunga possa trazer de novo a ordem que pareceu faltar no balneário brasileiro no Alemanha'2006 e fazer com que se esqueça tão sombria participação. A tarefa que o espera não é fácil, sobretudo porque chegou o momento de fazer a sempre complicada renovação de talentos em alguns sectores. Como se pode calcular, ganhar é algo que não é pedido mas sim exigido a Dunga, que tem aqui a sua primeira experiência como treinador.

segunda-feira, julho 24, 2006

Ano novo...vida velha?

Aproxima-se a passos largos o início de mais uma época de futebol. O campeonato português apresenta uma nova fórmula, passando a ser disputado por 16 equipas em vez de dezoito. Isto resulta numa perda de quatro jogos para cada equipa, o que significa que há menos 12 pontos possíveis para conquistar. Como tal, perder pontos é agora ainda mais proibido e esperemos que isso resulte num aumento da emotividade.
Os candidatos ao título são os suspeitos do costume, restando saber se o Sp. Braga vai conseguir dar continuidade ao excelente trabalho desempenhado por Jesualdo Ferreira e afimar-se definitivamente como o "4.º Grande". FC Porto, Benfica e Sporting partem, como sempre, em pé de igualdade. O Benfica foi o único que mudou de treinador, mas a opção por um técnico português garante uma adaptação rápida às características do campeonato nacional e como tal pode esperar-se máxima competividade das águias desde o princípio.
Em termos de emoção ou qualidade dos jogos, pouco se pode adiantar. A qualidade global dos jogos da Liga não é elevada, mas a decisão do título tem sido emocionante e imprevisível nos últimos anos. Mas há algo que está ao alcance de todos para melhorar o campeonato: mudar de atitude. Desde os dirigentes até aos adeptos, os climas de guerrinha e constantes ataques às arbitragens devem acabar. Não se entende desculpar continuamente as derrotas com as arbitragens nem criar as maiores e mais estapafúrdias teorias da conspiração mal sai a lista dos nomeados para os jogos. Se tal acontecer, a edição 2006/2007 da Liga será agradável para todos.

quarta-feira, julho 19, 2006



Claques

O conceito de claque, nos últimos tempos, encontra-se seriamente deturpado. Infelizmente, esta palavra aparece frequentemente associada a distúrbios, confusões e violência, e criou-se a tendência de pensar que ambas são sinónimos. Na verdade, não têm nada a ver; uma claque é muito simplesmente um grupo de pessoas que se junta com a finalidade de apoiar uma determinada colectividade ou causa.
Nada tenho contra as claques; mas tenho muito contra os indivíduos que deturpam toda essa noção, adoptando um comportamento violento em que semear destruição e agredir os adeptos da equipa adversária são códigos de conduta e de honra. O pior é que pouco ou nada se fez e faz para reprimir estes comportamentos, e a iniciativa devia partir dos próprios clubes que são apoiados por claques desordeiras. Chegou-se ao cúmulo de um certo chefe de claque (embora toda a gente saiba quem é, não direi o nome) publicar um livro onde descreve alegremente (e por incrível que pareça, com orgulho) todas as tropelias que fez, faz e planeia fazer nas ocasiões em que acompanha o seu clube, muitas delas passíveis de prisão.
Por aquilo que podemos observar nos jogos, percebemos que as claques são capazes de proprocionar um espectáculo bonito de se ver nas bancadas através das suas coreografias, músicas e cartazes, às vezes dotados de uma imaginação e beleza estética notáveis; o pior é que esse espectáculo é logo estragado por outro mais feio: rixas, lutas, confrontos com a polícia, ferimentos e, por vezes, morte.

domingo, julho 16, 2006


O Pardal Coxo

Manuel dos Santos era o seu verdadeiro nome. O seu pai chamou-lhe Pardal Coxo. Mário Filho, famoso cronista brasileiro que dá nome ao Maracanã chamou-lhe "O anjo das pernas tortas". O Brasil chamou-lhe Mané. O futebol chamou-lhe Garrincha.
Em 1933, na pobre terrinha de Pau Grande, nos arredores do Rio de Janeiro, nasceu um menino especial. Especial por dois motivos: primeiro, porque nasceu com as suas pernas entortadas para o lado esquerdo. Segundo, porque mesmo assim se tornaria um dos mais fantásticos jogadores brasileiros de sempre.
Desde bebé, Garrincha sonhava com o futebol. O seu pai enterneceu-se com o desejo do menino e jurou ante o seu berço que o seu pardal, mesmo sendo coxo, voaria mais alto que qualquer outro pássaro. Os seus esforços conseguiram proporcionar-lhe um tratamento que apenas amenizou os efeitos provocados pela estrutura das suas pernas. O rapaz estava um pouco melhor, mas continuava a andar desengonçado. E ainda bem que assim foi, pois mais tarde o pequeno Mané viria a aperceber-se de que as suas pernas não eram uma deficiência mas sim o maior dom que Deus lhe poderia ter dado.
Isto porque seria exactamente esse jeito desengonçado que tornaria Garrincha um driblador incrível. Quando Garrincha começava a fintar, era impossível perceber para que lado iria levar a bola. Os defesas que o marcavam (os João, como ele os chamava), já sob desespero, acabavam por escolher um lado. E quase sempre falhavam. Foi várias vezes campeão no Botafogo, clube que representou em 581 jogos. Pelo escrete, Garrincha foi bicampeão mundial, tendo sido o grande obreiro do título conquistado no Chile'62, após a lesão de Pelé.
Infelizmente, a vida de opulência acabou por conquistá-lo. Boémia, jogo, mulheres e bebida foram os luxos que o arrastaram até ao fundo. Morreu em 1983 na miséria, tal como nascera.
Garrincha também ajudou o futebol a tornar-se único. Anos mais tarde, uma equipa de cientistas analisou a sua deficiência e concluiu que, naquelas condições, o único desporto que Garrincha poderia ter praticado sem piorar o seu estado era, claro, o futebol.
Esta história já é conhecida, mas vale sempre a pena recordá-la de modo a não esquecer que na vida as dificuladades nunca são portas completamente fechadas; e que por mais alto que se voe, não se deve deixar de ter os pés assentes no chão.

Falta de emotividade

Os actuais campeões da Europa e do Mundo (Grécia e Itália, respectivamente) chegaram aos ceptros apresentando um futebol de contenção, metódico e calculista, que tem como base a segurança defensiva e o aproveitar das ocasiões de golo. Simples coincidência? Talvez não.

As últimas cinco taças de campeão do mundo foram erguidas por jogadores de características defensivas: Matthaus (líbero), Dunga (trinco), Deschamps (trinco), Cafú (defesa lateral), Cannavaro (defesa central). Outra coincidência? Talvez não.
A tendência do futebol moderno, para desespero dos amantes do futebol espectáculo, assenta na segurança defensiva. O objectivo deixou de ser marcar mais golos do que o adversário para ganhar e sim evitar sofrê-los para não perder. Essa é a diferença fundamental: passou-se do querer ganhar para o não querer perder. Embora pareçam o mesmo, a diferença entre ambos é gritante e traduz-se no mau futebol que muitas vezes se pratica nos campos de todo o mundo.
Em 1982, Zico desabafava após a derrota do fabuloso Brasil que encantou no Espanha'82 perante a Itália (2-3): "O futebol morreu hoje. Hoje, as equipas perceberam que a defesa é o caminho mais seguro para a vitória". Tal frase pode ser entendida como profecia, mas não contempla outro aspecto do futebol moderno: os clubes estão transformados em empresas que fazem da vitória o seu lucro, estando proibidos de perder. Os treinadores devem apresentar resultados e não um trabalho bonito, tal e qual como um operário numa fábrica.
O verdadeiro problema é que o futebol está transformado num negócio. E nos negócios é proibido perder. Enquanto assim for, não podemos esperar futebol espectáculo nos estádios de todo o planeta.

segunda-feira, julho 10, 2006

Berlim, 9 de Julho de 2006, minuto 108' da final do Mundial

Acaba aqui a sua carreira. Zidane, capitão da selecção francesa, perde a cabeça e agride o italiano Materazzi com a mesma. Cartão vermelho justíssimo e França reduzida a dez.

Estas palavras nunca poderão resumir e reduzir a carreira de um dos melhores jogadores de futebol de sempre. Não podem reduzir aquele toque de bola mágico que domina o esférico e não o perde para ninguém, como se este fosse de ferro e as suas chuteiras fossem um íman. Não podem apagar aquele jeito de proteger a bola, abrindo os braços e defendendo-a de tudo o que se passa à sua volta, como os pássaros quando abrem as asas e protegem as suas crias. E também não podem fazer esquecer a noite de 12 de Julho de 1998, quando esta mesma cabeça que agora é condenada abriu caminho ao primeiro e até agora único título mundial francês com dois remates certeiros.
Quem quiser recordar Zidane apenas pelo momento que é referido no início deste texto estará apenas a esquecer muitos dos melhores momentos que o futebol já ofereceu. O futebol não é feito de agressões, é feito de bons momentos. Quais é que ele proporcionou mais vezes?
Muito obrigado por tudo, Zidane. As maiores felicidades.
Um novo tetra

Tal como o Brasil, os italianos conseguiram sagrar-se tetracampeões mundiais 24 anos após o seu último título. Depois do Itália'34, França'38 e Espanha'82, os relvados alemães acolheram a quarta subida transalpina ao topo do Mundo futebolístico.
Fiéis à sua imagem de marca e ao seu futebol cínico que tantas críticas recebe mas que muitas vezes se revela terrivelmente eficaz, os italianos caminharam solidamente até ao triunfo. A justiça deste título pode ser questionada mediante a premissa de que houve selecções que apresentaram um futebol muito mais atractivo do que os italianos. Mas a chave da questão é essa: os italianos não querem jogar atractivo. Os italianos não querem ser vistosos. Os italianos não se preocupam com as críticas. Os italianos pura e simplesmente querem ganhar.
E o facto irrevogável é este: conseguiram-no. O futebol moderno exige a eficácia como principal atributo. E foi a eficácia, uma defesa de betão alicerçada no melhor guarda-redes do Mundial (Buffon)e um incrível sangue-frio que apanha os adversários no seu único erro e permite marcar penalties sem pestanejar que deram aos italianos a taça do Mundial.
Que se faça honra aos novos campeões. Buona sera!

sexta-feira, julho 07, 2006

Está a chegar ao fim a grande festa do desporto-rei. Um mês de futebol, emoções fortes, alegrias, tristezas, e acima de tudo, um mês em que se escreveram mais linhas na História do futebol.
O último fim-de-semana do Mundial reserva-nos dois jogos que se perspectivam bem diferentes em si. O primeiro, que irá opor os dois semi-finalistas derrotados (Alemanha e Portugal), afigura-se como um jogo interessante. Não penso que as equipas se irão apresentar desmotivadas por causa de terem falhado a passagem à final: pelo contrário, os anfitriões certamente querem fechar o seu Mundial com uma vitória e os portugueses procurarão ficar na História, igualando o melhor resultado de sempre em Mundiais,o terceiro lugar conquistado no Inglaterra'66. Alemanha e Portugal são conjuntos com um futebol atractivo e que gostam de tomar a inicativa e pegar no jogo; com base nisso, pode esperar-se um início de partida muito intenso.
Domingo, 9 de Julho, a grande final: o Olympiastadion em Berlim recebe Itália e França, numa reedição da final do Euro 2000. Italianos e franceses chegam à final tendo na eficácia e no pragmatismo as suas grandes armas; apresentaram um tipo de jogo semelhante, que aproveitou bem os erros dos adversários e tirou máximo partido da qualidade das suas defesas. Na verdade, tudo isto faz antever um jogo de contenção e de espera; para bem do espectáculo, esperemos que não.
Desta final, para além de um novo campeão do mundo, também deve sair o melhor jogador do campeonato. Resta dizer adeus e obrigado aos alemães e daqui a quatro anos acolher entusiasticamente o África do Sul'2010!

quarta-feira, julho 05, 2006

Portugal-França

Acabo de consultar um fórum na Internet (não direi qual) e leio as reacções à derrota de Portugal na meia-final com a França:são na sua grande maioria mensagens de desagrado e de insurgimentos contra Scolari, que de repente passou a ser de novo a pessoa errada ao comando da selecção.
Bem sei que pode ser um erro tomar as considerações deste fórum como representativas da maioria mas opto por correr o risco, apenas para dizer que não pode ser. Esta atitude é totalmente errada e não falo só dos portugueses, falo de todos que têm por hábito pensar que "ganhamos todos, perdem eles"; Portugal e os seus jogadores estão de parabéns pois chegaram bem longe, onde muitos (inclusive muitos portugueses) não acreditavam que fosse possível chegar. Uma pequena retrospectiva leva à conclusão que, desde 2000, exceptuando o Mundial'2002 Portugal tem tido um óptimo comportamento em fases finais. Falta um título, é certo, mas este grupo de jogadores não merece ser condenado por esta derrota e esta não é hora de surgirem detractores, mas sim hora de demonstrar a estes jogadores que Portugal, na hora da derrota, se orgulha deles tanto quanto na hora da vitória.
Itália e França são os grandes finalistas do Alemanha'2006. Por sua vez, Alemanha e Portugal vão esgrimir forças pelo último lugar do pódio. Se querem saber, pressinto um jogo muito mais atractivo no segundo caso.

Nota: Começo a ouvir algumas pessoas a celebrar. É muito bom sinal.

terça-feira, julho 04, 2006

Obrigado

Este post é uma forma de agradecer os comentários positivos que o Bola ao Quadrado tem recebido. Espero que os posts continuem a ser do vosso agrado e prometo continuar a fazer por isso.

F. Júnior
Médios modernos

Ao longo da história do futebol, as tácticas têm evoluindo a par e passo com a mentalidade do próprio jogo. Apesar de, hoje em dia, a preocupação defensiva ser excessiva e acabar por muitas vezes tornar os jogos de futebol chatos e completamente desprovidos de emoção (assunto que procurarei desenvolver num futuro próximo), as novas estratégias de jogo desenvolveram um tipo de centrocampista que pouco a pouco vai-se configurando como a grande invenção táctica dos tempos modernos e como uma mais-valia para qualquer equipa.
Até há bem pouco tempo, os médios que actuam no centro do terreno podiam ser divididos em dois grupos: os trincos e os médios de ataque, também conhecidos como "números 10" ou "volantes", na gíria brasileira.
Basicamente, os trincos são os chamados médios de combate: por norma, são jogadores de características agressivas (no bom e também no mau sentido) e defensivas, que actuam imediatamente à frente da defesa e podem desempenhar várias funções: ajudar a defesa, compensar a subida dos laterais, iniciar as transições defesa-ataque e marcar individualmente o médio de ataque da equipa adversária. Por sua vez, os médios de ataque são os maestros da equipa: pelos seus pés passa toda a organização do ataque. Estes médios querem-se dotados tecnicamente e com óptima qualidade de passe. Num sistema que use o "pressing", também podem ser os primeiros defesas, que em conjunto com os avançados procuram bloquear o ataque adversário logo de início.
Os cuidados defensivos e o assegurar do domínio do meio campo levam várias equipas a actuar com dois trincos, pelo menos. Contudo, ao avançar ligeiramente um desses trincos até ao centro do terreno, criou-se um novo médio: um médio que actua mesmo no miolo do terreno e que é uma espécie de "faz-tudo".
É o caso de Maniche (Portugal), Frank Lampard (Chelsea), Manuel Fernandes (Benfica) ou Lucho Gonzaléz (FC Porto), apenas para citar alguns exemplos. Estes médios produzem um capital de trabalho impressionante durante o jogo: a sua missão consiste em ser uma unidade extra nas movimentações defensivas e ofensivas. Como tal, para além de uma resistência quase hercúlea, estes jogadores devem possuir qualidades defensivas e ofensivas e usar ambas durante um jogo. Também devem possuir um bom remate de longa distância, o que ajuda a obter golos quando a equipa adversária praticamente entope todos os caminhos até à área.
Estes médios são praticamente inestimáveis e possuir um bom jogador destes é como ter a hipótese de que a equipa entre em campo com 12.

domingo, julho 02, 2006

SCP: 100 anos

Para além do Portugal-Inglaterra, o dia de ontem também ficou marcado pela comemoração do centenário do Sporting Clube de Portugal. Contando todas as modalidades, o Sporting é o segundo clube da Europa com mais títulos, sendo apenas suplantado pelo FC Barcelona. Tal facto é digno de registo e prova o ecletismo que caracteriza o clube.
Em termos futebolísticos, o Sporting pode orgulhar-se dos vários títulos conquistados em todos os escalões, desde as escolas até aos séniores. A formação é neste momento uma das melhores características do futebol leonino, que tem lançado pelo menos um bom jogador por época. Infelizmente, por diversas razões, os clubes portugueses não conseguem segurar os seus talentos por muito tempo, pois os jovens jogadores aspiram naturalmente a voos mais altos; caso contrário, penso que seria possível testemunhar no Sporting um fenónemo semelhante ao do Ajax, que criou uma equipa de classe mundial praticamente apenas do seu viveiro futebolístico.
Hoje em dia, o Sporting tem o seu lugar no futebol bem consolidado. Os 18 anos de jejum já fazem parte do passado e a equipa esteve à beira de um segundo sucesso europeu, para juntar à Taça das Taças de 1964. A grave crise financeira ensombra um pouco o futuro do clube, mas certamente não o impedirá de viver outros 100 anos.

Nota: Em dia de centenário leonino, o herói português foi leão

sábado, julho 01, 2006

As meias finais já estão definidas: Alemanha-Itália e Portugal-França. Como já sabem aquilo que penso acerca destas equipas, este post procura debruçar-se sobre o grande ausente destas meias-finais: o ainda campeão em título Brasil.
O que falhou na selecção brasileira e que acabou por resultar numa prestação global fraca? Na minha opinião, três coisas:

1- Sistema táctico

O suposto "quadrado mágico" do qual muito se esperava falhou redondamente. O técnico Carlos Alberto Parreira optou por um Brasil "europeizado", no qual táctica era palavra de ordem e a liberdade e o risco quase nem deviam existir. Jogando num sistema que praticamente se cifra num 4x2x2x2, o jogo do Brasil, que não contava com extremos e com a subida dos laterais, ficou completamente afunilado. Além disso, ao optar por dois atacantes de características muito semelhantes, Parreira apenas propiciou a anulação de ambos: Ronaldo e Adriano são ambos finalizadores, mas que precisam de alguém capaz de destabilizar a defesa adversária de modo a que possam finalizar. A entrada de Robinho para o lugar de um deles era imperativa

2- Sub-rendimento

Alguns jogadores não conseguiram explanar todo o seu futebol no Alemanha'2006. Ronaldinho foi uma miragem, confirmando um apagão que já se começava a notar no seu final de época no Barcelona; os três golos de Ronaldo no Mundial não disfarçam a sua má forma, perturbada por um peso excessivo; Cafú e Roberto Carlos, confinados tactica e fisicamente, também não cumpriram. Talvez tenha chegado a hora de renovar alguns sectores do escrete. No fim de contas, salvam-se os centrais (imagine-se!), Dida e Kaká, o único que pareceu estar ao nível que se esperava

3- Mau planeamento

Á falta de melhor, é isto que eu chamo a todo o "background" que envolveu a participação do Brasil no Mundial: excesso de confiança, treinos negligentes (aos quais Parreira quase nem assistia) e alguns episódios estranhos. Coincidência ou não, a dispensa de Edmilson após a briga com Adriano não parece ter sido causada por uma lesão, pois não se notou nada no jogador no último jogo de preparação. Os jogos de preparação, aliás, não podem ter preparado coisa nenhuma dado o baixíssimo nível das equipas que o Brasil defrontou

No fim de contas, fica a certeza de que o ceptro será conquistado por uma equipa europeia, confirmando a tendência de que nos Mundiais europeus ganham as equipas do Velho Continente.